terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Fizz, som abelha e soluções espertas

Bem, há gerações (GT8, 6, 3, 5...) que as pedaleiras da boss têm fama de som "abelhudo" quando ligados em linha. A seguir, te convido a pensar sobre as razões e soluções para este "problema".

Em primeiro lugar, as "pedaleiras" são multiefeitos, ou seja, têm a função de oferecer em uma unidade compacta um conjunto de efeitos (pedais). Desta forma, ainda se esperava que o proprietário os plugasse num amp. Mesmo pedaleiras mais antigas, como a Boss Me-8, zoom 505,
3030, etc. havia a opção de se habilitar uma simulação de amp para aplicações em linha. Infinitamente inferiores às simulações atuais, esses módulos basicamente cortavam frequências. Mas de quais frequências estamos falando? As mais graves (abaixo de 100hz) e mais agudas (acima de 3khz).

Quando você utiliza um amp real, seu preamp envia uma faixa "completa" de frequências, que são posteriormente "filtradas" pelos autofalantes. Veja a análise de um falante celestion (greenback):


Note os picos e cortes de frequência. O som não é regular, linear. Isto dá o som "macio" a que nossos ouvidos estão acostumados. Para exemplificar, ouça este sample comparando a X3 a GT-10, postado no fórum da line 6. Fica claro o excesso de agudos da GT, por conta das simulações de caixa da mesma que, na minha opinião, sozinhas (sem um "tapinha" de EQ), não cortam todas as frequências adequadamente.

Output select na GT-10
Há um participante do fórum do bossgtcentral que forneceu as análises
de frequências de todas as opções de output. Abaixo as "front" do JC120, small, combo e stack amp.


Agora as análises dos "retuns" do
JC120, small, combo e stack amp.


Enfim, o gráfico da saída line/phones:

Perceba que, mesmo na opção para se ligar em linha, os cortes são mais "discretos". Isso explica o som mais "ardido", "vivo" e porque não dizer, "abelhudo" da GT10.

À essa altura, você deve estar se perguntando: "Mas como a Boss, com toda a experiência que tem, ainda não viu essa 'mancada', e não mudou a características de distorções de seus preamps?". Eis a questão. Na minha opinião, pura estratégia de marketing. Se até as simulações do guitar rig, amplitube e similares são mais "convincentes" (à primeira vista), a gigante Roland tem uma estratégia nisso. Eis as evidências:
  1. A boss é famosa por seus pedais, certo? Pedais precisam de amp, certo? Por que mudaria o foco de uma hora para outra?
  2. Em todos os vídeos da GT8 e GT10 que vi, elas SEMPRE estavam plugadas em amps (Roland, é claro). Fala-se sobre gravação via Usb mas ninguém mostra exemplos.
  3. A POD, por sua vez, já "nasceu" como um equipo para gravação. Logo, ela primeiramente foi "feita para ser ligada em linha" (há reclamações de vários usuários de POD sobre seu desempenho ligado num amp), o que explicaria o esforço da Line6 em buscar "copiar" os timbres dos amps gravados.
Na minha humilde opinião, a Boss permanece com o foco de multiefeitos para serem ligados em amps, com o máximo de flexibilidade para aplicações "live" (reparou que a GT8 e 10 têm Amp control e os POD's XT, X3 não?).

Desda forma, os preamps da GT10 (que aliás diminuiram em quantidade comparados com os da GT8) seriam evoluções ULTRA avançados daqueles módulos "amps" das antigas pedaleiras supracitadas, mas ainda com o foco de serem utilizados num amp.

Bem, aí, você pensa: "E como é que eu fico nessa? Vou ter de comprar um POD e botar no effects loop da GT?". Provavelmente não (seus ouvidos serão sempre os juízes absulutos), pois mesmo com a estratégia de marketing "live", a boss forneceu um equipamento abundante em recursos, os quais podemos lançar mão e "dar um empurrãozinho" nas simulações de preamps. Os recursos são:
  1. EQ antifizz - Um capítulo do GT8 Brilliance (baixe na coluna de links à direita) oferece uma equalização legal para tirar os agudos indesejáveis. Eu adiciono cortes em graves e agudos (como descrito num post anterior, que você pode conferir aqui), para ter um som mais "redondo".
  2. Simulações de mics, amps e caixas custom - Há relatos de quem tire "leite de pedra" apenas com estes recursos.
  3. Resonators - Contidos no módulo Tone Modify, visam imitar a ressonância (e frequência) de falantes Electro-Voice (resonator1), Jensen (reso2) e Celestion (reso3). Na prática, eles oferecem mais "peso" no som. Atualmente tenho evitádo usá-los, para ter um som mais "natural" com o mínimo de módulos possível.
Vale lembrar que explorei alguns destes recursos nos vídeos que postei no youtube (há versões em português e inglês). Nesses vídeos é possível comparar timbres antes e depois da aplicação do recurso.

Enfim, depois deste longuíssimo post, só tenho a dizer que o som da GT em linha é campo fértil, pouco explorado. Diariamente "pipocam" alternativas, contudo, vc decide no final se o timbre com os recursos será satisfatório.

Abraço a todos!


:.

9 comentários:

  1. Não conheço a X3, mas pela demo o som dela é um pouco mais limpo que a GT 10 (todos 2 ficaram ruins) !! Mas esse anti fizz que vc postou no youtube é muito bom, deu uma vida ao som, assim como o tony modify !!
    Ainda não consegui "aquela" distorção com a minha GT 10, sei que ela é muito boa, mas precisa de muita paciência e ouvido para conseguir um som excêlente.

    Parabêns pelo Blog !!!

    Gabriel.

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  2. Valeu, Gabriel!

    Realmente a GT oference tantas opções de regulagem que quaase sempre tenho a sensação de não utilizar todos os recursos para chegar "aquela" distorção...

    Mas continuamos tentando e aprendendo cada vez mais!
    Alex

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  3. Grande Alex...

    Eu nunca fiz muitos comentários dos samples e vídeos que gravas (especialmente em comunidades do orkut), mas já gostaria de aproveitar a oportunidade de parabenizá-lo pelos seus préstimos com a GT-10... decididamente és "o" cara da GT-10, na minha opinião... hehehe

    ... doutra forma, eu, como um novo usuário das GT´s (tenho uma GT-8 há 8 meses, tive uma ME-8, e por muitos anos só usei pedais - ainda os uso), reconheço a excelência desse equipamento, e, em especial, sua leitura em relação à finalidade das concorrentes POD e GT... eu costumo gravar muito com uma POD XT e uso ao vivo a GT-8, e coaduno com a tua opinião, ambas têm finalidades diferentes, ainda que a Line6 tenha uma versão "LIVE", mas ainda assim que nada mais são que POD´s com footswitch´s... contudo, em gravação, tenho chegado muito perto do POD com a GT-8... ao vivo, não vejo como chegar no nível da GT com o POD, embora algumas simulações do Line6 se saiam muito bem no loop, como prés do amp... enfim, são ótimos equipamentos e, no geral, as GT´s me agradam mais... já passei um bom tempo com a GT-10, para fazer um workshop para um loja, e sem dúvidas é um grande equipamento...

    ... de resto, parabéns pelo blog e seguirei acompanhando atentamente... ;]

    Abração!

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  4. Milton
    Agradeço pelas suas palavras. Espero mesmo que este blog seja mais uma oportunidade de ampliarmos discussões para melhor "dominarmos" estas máquinas!

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  5. Alex, eu tive uma GT-8 por muito tempo - e sempre ligava em linha.
    Quando testei a POD X3 em linha, achei o som muito semelhante ao som da GT-8.
    Hoje, tenho a GT-10 e acho o som dela bem mais agudo do que o som da GT-8.
    Porém, as simulações ficaram melhores, com mais vida. Principalmente as limpas estão muito boas.
    Na GT-8, toda simulação limpa era parecida. Na GT-10 fica mais perceptível a diferença.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Poxa, Marcos, é bacana sua colocação. Eu nunca toquei numa GT8, apesar ouvir bons e maus timbres de músicos que a utilizavam. Sua opiniõa é importante porque permite uma comparação real entre as unidades.

    Li no bossgtcentral que a boss havia tirado o "cobertor" que parecia existir nos timbres da gt8, o que explicaria o timbre mais brilhante que vc mencionou.

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  8. Excelente post. Realmente sua opinião sobre a diferença entre a X3 e a GT-10 faz todo o sentido. O importante é que com a GT-10 temos bons recursos, agora haja paciência para encontrar. uhauahuaha. Mas não desistirei!

    Uma coisa que sinto dificuldade é que quando estou em casa (volume baixo) procurando timbres (de som limpo, de rectfy, de fenfer twin e de acústico) parece que o ouvido vai viciando e cansando uma determinada hora que parece que vc muda parâmetro e não sente diferença nenhuma sabe...
    Aí quando chego prá tocar (toco numa igreja) ou ensaiar com um volume mais alto é que realmente posso avaliar o trabalho que fiz, e quase sempre mudar alguma coisa. É ao vivo com os outros instrumentos que a coisa pega. Tenho apanhado bastante, até pq eu gosto de vaiar bastante os timbres.

    Agora uma sugestão. Que tal um post sobre simulação acústica, afinal temos na pedaleira o guitar simulator (que simula captadores) e o acustic simulator como opções.

    Keep rockin'!

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  9. Eu já acho tudo muito relativo, tenho drives na minha gt10 que ficam ótimos tocando em casa, já na igreja os graves somem, e se eu aumentar muito o som soa totalmente diferente

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